1.11.06

Histoire(s) du cinéma

apenas uma imagem:



« Portanto, somos tomados numa cadeia de imagens, cada um no seu lugar, cada um sendo ele mesmo imagem; mas também somos tomados numa trama de idéias, que agem como palavras de ordem. Por conseguinte, a ação de Godard, "imagens e sons", vai a um só tempo em duas direções. Por um lado, restituir às imagens exteriores seu pleno, fazer com que não percebam menos, fazer com que a percepção seja igual à imagem, devolver às imagens tudo o que elas têm; o que já é uma maneira de lutar contra tal ou qual poder e seus golpes. Por outro lado, desfazer a linguagem como tomada de poder, fazê-la gaguejar nas ondas sonoras, decompor todo conjunto de idéias que se pretendam idéias "justas" a fim de extrair daí "justo" idéias. Talvez haja duas razões, entre outras, pelas quais Godard faz um uso tão novo do plano fixo. É um pouco como certos músicos atuais: eles instauram um plano fixo sonoro graças ao qual tudo será ouvido na música. E quando Godard introduz na tela um quadro negro sobre o qual escreve, não faz dele um objeto de filmagem, ele faz do quadro negro e da escrita um novo meio televisivo, como que uma substância de expressão que tem sua própria corrente, em relação a outras correntes presentes na tela. »

Gilles Deleuze, Três questões sobre seis vezes dois.