21.10.06

Fazer, a poesia

« Se compreendemos, se acedemos de um modo ou de outro a uma orla de sentido, é poeticamente. Isso não quer dizer que qualquer tipo de poesia constitua uma medida ou um meio de acesso. Isso quer dizer - e é quase o contrário - que apenas esse acesso define a poesia, e que ela só tem lugar a partir do momento em que ele tem lugar.

É a razão pela qual a palavra «poesia» designa tanto uma espécie de discurso, um género no seio das artes, ou uma qualidade que pode apresentar-se fora dessa espécie ou desse género, como pode estar ausente nas obras dessa espécie ou desse género. Segundo Littré, a palavra, tomada no sentido absoluto, significa: «As qualidades que caracterizam os bons versos, e que podem ser encontrados noutros lugares que não em versos. (...) Esplendor e riqueza poéticos, mesmo na prosa. Platão está repleto de poesia.» A poesia é assim a unidade indeterminada de um conjunto de qualidades que não estão reservadas ao tipo de composição chamado «poesia», e que não podem em si próprias ser designadas senão alterando com o epíteto «poético» termos como riqueza, esplendor, ousadia, cor, profundidade, etc. »

Jean-Luc Nancy,
Resistência da poesia (grifo meu).

2 comentários:

Blogger Liah in Casulo escreveu:

Você está repleto de Poesia...

Parabéns por tanta informação e tamanha sublimação de escrita.

beijos.

20:56  
Blogger Unknown escreveu:

ai q podreeeeeeeeee
odieiiiiii...kkkk

12:58  

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