Aproximações acerca do povo por vir
« À excessão da capacidade de ganhar dinheiro, de que não precisava, via em si próprio com incrível nitidez todas as capacidades e qualidades que seu tempo prestigiava. Mas a capacidade de aplicá-las perdera-se; e como, finalmente, agora que jogadores de futebol e cavalos de corrida têm gênio, apenas o uso que dele se fizer nos resta para salvarmos nossa singularidade, decidiu tirar um ano de férias da sua vida, e procurar uma adequação adequada para suas capacidades. »
— Brizola, você que é tão conhecido aqui em Botafogo e sabe de mil jogadas, já ouviu falar de Leonel Brizola?
— Já ouvi falar muito e meu apelido é Brizola.
— O que você acha do Brizola?
— Acho legal e que vai ser um bom presidente pra gente.
— Você acha que ele vai ser um bom presidente?
— Acho que vai.
— Você tem acompanhado os jornais?
— Tenho sim.
— Você acha que o Brizola deve voltar para o Brasil ou não?
— Deve voltar.
— Você acha que representa o povo brasileiro, sua opinião é válida?
— Espero que o pessoal não fique preocupado comigo porque meu nome é Brizola.
— Você está diante da televisão brasileira, encare o público, fale alto, se assuma. O que você acha dos problemas brasileiros?
— Eu não estou ligando muito pra isso.
— E você está se ocupando de quê, atualmente?
— Eu ligo muito pra corrida de cavalo.
— Qual é o bicho que vai dar amanhã?
— Cobra ou cavalo.
— E você já acertou muito assim?
— De vez em quando eu acerto.
— O que você acha do futuro democrático do Brasil?
— O problema é que eu não sei nada disso.
— O que você acha da organização sindical?
— No momento não posso explicar nada.
— Já ouviu falar no Lula?
— Lula? É o chefe dos metalúrgicos (…)
“Um cavalo de corrida genial faz amadurecer em Ulrich a idéia de ser um homem sem
qualidades”, Capítulo 13 do Livro 1 de O homem sem qualidades, de Robert Musil.
Por aqui, homens sem caracteres, Glauber e Brizola,
conversam na TV, num programa Abertura, em 1979.
qualidades”, Capítulo 13 do Livro 1 de O homem sem qualidades, de Robert Musil.
Por aqui, homens sem caracteres, Glauber e Brizola,
conversam na TV, num programa Abertura, em 1979.
— Brizola, você que é tão conhecido aqui em Botafogo e sabe de mil jogadas, já ouviu falar de Leonel Brizola?
— Já ouvi falar muito e meu apelido é Brizola.
— O que você acha do Brizola?
— Acho legal e que vai ser um bom presidente pra gente.
— Você acha que ele vai ser um bom presidente?
— Acho que vai.
— Você tem acompanhado os jornais?
— Tenho sim.
— Você acha que o Brizola deve voltar para o Brasil ou não?
— Deve voltar.
— Você acha que representa o povo brasileiro, sua opinião é válida?
— Espero que o pessoal não fique preocupado comigo porque meu nome é Brizola.
— Você está diante da televisão brasileira, encare o público, fale alto, se assuma. O que você acha dos problemas brasileiros?
— Eu não estou ligando muito pra isso.
— E você está se ocupando de quê, atualmente?
— Eu ligo muito pra corrida de cavalo.
— Qual é o bicho que vai dar amanhã?
— Cobra ou cavalo.
— E você já acertou muito assim?
— De vez em quando eu acerto.
— O que você acha do futuro democrático do Brasil?
— O problema é que eu não sei nada disso.
— O que você acha da organização sindical?
— No momento não posso explicar nada.
— Já ouviu falar no Lula?
— Lula? É o chefe dos metalúrgicos (…)
1 comentários:
oswald,
essa passagem do Musil me lembrou os autômatos do Antonioni a brindar, em "A noite", a genialidade do cavalo de corridas.
beijos
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